Hidratação no Desporto

Água fonte de vida


A água é tão importante para a vida como o próprio oxigénio que respiramos









Sendo a vida um fenómeno aquático, pois a água para além de ser o elemento mais importante (no plano quantitativo) do corpo humano, representa também o meio no qual se desenrolam a maior parte das reacções químicas do organismo.
 Realmente a vida não é senão uma prolongada desidratação desde o nascimento até à velhice, e isto porque o recém-nascido tem 85% de água a constituir o seu organismo, e o idoso terá sensivelmente 60 a 65%.
A água no organismo distribuiu-se em dois sectores que são: o intracelular, que representa mais ou menos metade do peso corporal e que participa no conjunto de reacções químicas que se desenvolvem no organismo.
É precisamente a água deste sector importantíssima para o desportista, uma vez que ela vai permitir aos músculos, em actividade, utilizar as reservas que eles dispõem.
O sector extracelular, ou seja, o plasma sanguíneo, o líquido cefaloraquidiano (LCR), a linfa, as secreções glandulares e digestivas, etc… Neste sector a água é o agente dissolvente dos imprescindíveis cloro e sódio.
Este líquido precioso, que é a água, é absolutamente necessário para que as condições favoráveis da vida se perpetuem.
As necessidades da água derivam de vários  factores como: a alimentação, temperatura, humidade do ar, e trabalho muscular.
Todos estes factores influenciam mais ou menos no nível de perda de água durante um treino, mas não podemos esquecer as perdas que se fazem por via urinária, via pulmonar, via fecal, e ainda por via cutânea.
No organismo é necessário um equilíbrio entre a entrada e a saída da água. Sabe-se que o peso de um indivíduo pode variar até 2 Kg em 48 horas devido à mudança no volume de água e electrólitos.
Contudo se esse mesmo desportista for sujeito a um exercício físico moderado durante 1 hora e 30 minutos, sem hidratação, o seu peso vai variar entre 2 a 5 Kg, dependendo da temperatura ambiente e de factores biológicos inerentes ao atleta.
O único órgão que regula a perda de água é o rim, fazendo-se retenção ou excreção de líquido sob a forma hormonal através da hormona ADH (hormona antidiurética).
A sede será o alarme para evitar o risco de lesões metabólicas, mas uma adequada hidratação deve preceder o aparecimento da sede.
O mecanismo da sede é accionado sempre que há perda de água e o sangue permanece viscoso, daí resulta uma subida da pressão osmótica o que leva o hipotálamo a segregar a ADH.
A água exerce um número impressionante de funções que vão desde o transporte de materiais até às reacções químicas, à lubrificação e à refrigeração.
Sabe-se que todo o trabalho muscular produz energia calorífica, ou seja calor, pois só 20 a 25% da energia gasta pelo músculo são transformados em trabalho mecânico. Como consequência, no decorrer do esforço, a temperatura corporal sobe.
Como o organismo é bastante sensível às variações de temperatura interna, as oscilações permitidas são débeis. Para que a temperatura não aumente em demasia, o corpo vai utilizar um sistema de arrefecimento, que é a nossa transpiração. Quanto mais intenso for o esforço físico maior será a transpiração.
É precisamente a evaporação da água na pele que provoca o arrefecimento. O Suor para além de água contém outras substâncias das quais a mais importante é o cloreto de sódio. Desde que a sudação seja muito elevada o atleta vai prejudicar a sua performance, porque há uma perda excessiva de sal, e logicamente falta de água, o que trás como consequência uma baixa de volume sanguíneo e portanto diminuição da capacidade circulatória.
Como podemos ver a água é uma substância importante para o nosso corpo. Ela desempenha um papel fundamental em todos os processos vitais, apesar disso, e não obstante a sua quantidade no organismo ser abundante, a quantidade que está disponível para se utilizar é muito reduzida. Em repouso e em jejum as nossas reservas durarão apenas quatro dias sensivelmente.
Na realidade a falta de água no organismo, ou seja a desidratação, se é moderada, isto é, 4 a 5% do peso corporal vai afectar minimamente a capacidade máxima de trabalho (VO2), e o trabalho cardíaco, contudo o atleta vai ver a sua capacidade reduzida. Quando a desidratação atinge 10% do peso corporal, então o atleta vai sentir fadiga e uma diminuição da eficácia dos movimentos, mas se a perda de líquidos atinge os 20% então originará a morte.
Diria que, e para realçar mais uma vez a importância da água, o organismo pode perder 50% das suas proteínas corporais, pode perder as suas reservas glicídicas e lipídicas, sem que haja um perigo real, mas 48 horas sem ingestão de água, são suficientes para causar lesões irreversíveis e até a própria morte.
Depois de todas estas considerações, todo o desportista, e não só, deveria beber sem ter sede, até porque, como costumo dizer: o melhor doping para um atleta é a água.
Se pensarmos que a desidratação é um factor limitante da perfomance, então todo o atleta deveria fazer uma ingestão de água na quantidade de 125 ml por cada 15 a 20 minutos de esforço.
Para terminar e reforçando sempre a importância de uma boa hidratação num atleta, citaria o Dr. R. Haas que escreveu: “Vi ganhar muitos atletas mal alimentados. Vi ganhar jogadores nos limites das suas forças, e até doentes, mas nunca vi um atleta desidratado alcançar uma vitória.”